Segundo pesquisa realizada pela Superintendência de Análise de Mercado da Ancine, no Anuário Estatístico do Cinema Brasileiro, em 2018, o panorama do mercado cinematográfico não se mostra favorável às mulheres. Excetuando as funções de diretora de arte e produtora executiva, as quais as mulheres dividem equilibradamente espaço como os homens, nas demais funções de liderança no cinema, a ocupação feminina ainda é muito baixa, apenas 20% dos filmes produzidos neste ano foi dirigido por mulheres, apenas 25% deles foi escrito por mulheres e apenas 12% foi fotografado por mulheres (ANCINE, 2018).
Essa pesquisa alerta para a contundente desigualdade entre os gêneros na ocupação do mercado cinematográfico brasileiro. Contudo, quando as questões raciais são inseridas aos critérios de analise, a desigualdade se aprofunda: a mulher negra não chega a somar nem 1% da ocupação dos cargos de liderança nas produções brasileiras (ANCINE, 2014).
Quanto a inserção da população travesti e transgênero no mercado da produção cinematográfica brasileira a problemática da exclusão se agrava, ela configura o grupo social mais carente em oportunidades de ofertas de trabalho (de qualquer trabalho) no país. Segundo o Relatório da Violência Homofóbica no Brasil (2016), publicado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), a transfobia faz com que reste a esse grupo apenas a opção de sobrevivência por meio da prostituição de rua .
Esse dados confirmam e endossam a importância de gerar espaços (físicos ou virtuais) de aprendizado e inclusão, nos quais possamos reunir representantes destes dois grupos – mulheres negras, pobres, periféricas e pessoas travestis e transgênero -, grupos aparentemente tão heterogêneos e, ao mesmo tempo, tão unificado em sua vulnerabilidade, silêncio e invisibilidade, mas também em sua força de luta e potência criativa, para produzirmos juntos pensamento, reflexão, consciência, oportunidade, transformação, arte e cinema